Destaque

TUDO O QUE É POP

Allben, poeta, séc. XXI 

Obra de Roy Lichtenstein, no âmbito da pop Art


TUDO O QUE É POP

OPUS

SAI PROMPT DO LUMPEN

UNS ZAPTS OUTROS ZOOMPS

NO LOOBY DE UM ROCK

COM TODO SEU LOOK

UNS TRASH OUTROS LUX

TÃO SEX QUANTO CHESSEBURGUER

NA BUSCA DE UM GOOGLE

SÓ ERROS EM CLUSTER

RECUERDO FRANK STELLA,

JASPER JOHNS E ROBERT MORRIS

TUDO O QUE É POP

OPUS LOFT

MAIS VALE A REVOLUÇÃO

“SOBRE A CONTRADIÇÃO”

MAO TSE-TUNG TOMANDO CAMPBELL’S SOUP

OUVINDO JAZZ OU BLUES, QUEM DERA?

INFORMALISMO EM SÉPIA

TANTAS TONTAS MARILYNS

E MONALISAS PÓS-MODERNAS


RECUERDO OITICICA, GORKY,

WARHOL E LÍGIA


TUDO QUE É POP

OPUS SOFT

YES OR NOT

EFETUANDO O LOGOFF

COM COCA-COLA, WHISKY OU ORLOFF

NO FLASH-BACK “WHOLE LOTTA LOVE” (*)

TUDO CASH, TUDO VÍRUS

DELETE O SENTIDO E REVÓLVER

O QUE DESCOLARIA UM VOSTEL

NUMA EMBALAGEM DE CHRISTO

OH! MY GOD?


RECUERDO OPPENHEIM, KEITH ARNATT,

KOONING E NAM JUNE PAIK


TUDO NOVO NEO NOVO NEO TUDO

QUE ELE, ECO DE ESPECTADOR

NA “OBRA ABERTA”, AGORA, FLERTE.

E ELA, NOVA TENDÊNCIA ESTÉTICA,

CONTRE-PLONGEÉ DO PÓS-SÉCULO XX,

TRANSITE SEU GESTUAL READY-MADE

SOBRE TODA ACTION PAITING.

RECUERDO DUCHAMP, MAN RAY,

TÁPIES E KURT SCHWITTERS


TUDO QUE É POP

OPUS TOP

FOTO-HIPER-REALISTA

NUS (DESCENDO ESCADA?)

NA CAPA DA REVISTA

QUE ALGUÉM NOS PINTE

O CORAÇÃO DA AMÉRICA

NUMA SERIGRAFIA,

ÓLEO SOBRE TELA

OU A PÓ METÁLICO

E EMULSÃO POLIMÉTRICA


RECUERDO MALEVICH, MATISSE,

MONDRIAN E KANDINSKY (**)


TUDO QUE É POP

OPUS 56/66

FRAGMENTO DECORATIVO

AO NATURAL OU QUADRINHOS

RECORTE URBANO DO GROTESCO

EXPLOSÃO DE RETÍCULAS

EM TÉCNICA MISTA

INTENTO ELVIS ESCULPIDO

EXUBERANTE NO BRONZE OU GESSO


RECUERDO SEGAL, OLDENBURG,

AD REINHARDT E RAUSCHENBERG


TUDO QUE É POP

OPUS SHOP

DADA À MARGEM DOS “ISMOS”

NA PROLIFERAÇÃO DOS SIGNOS

“WHAAM”, ROY LICHTENSTEIN,

OUTRAS ONOMATOPÉIAS, BLAFT!

TUDO RAP, MUITO VELOX

DOS “NOVOS SELVAGENS”

AOS NEOGEOMÉTRICOS


RECUERDO JOSEPH BEUYS, CUNNINGHAM,

JOHN CAGE E VASSARELY (***)


PARA QUE NÃO ME TACHES

E NADA ESCAPE

POR ENTRE AS LENTES

DA TUA OPTICAL ART

QUANDO SÓ NOS RESTAR FLORIR, BRADAR

O HAPPENING DO BODY

INSTALAÇÃO DE ARTE POVERA


RECUERDO POLLOCK, HOCKNEY, HAMILTON, BACON E PAOLOZZI (****)

————————-

(*) Rock do Led Zeppelin, primeiro hit a desbancar os Beatles das paradas de sucessos das rádios norte-americanas, nos anos 60. 

(**) Henri-Matisse, um dos expoentes do Fauvismo (1905); Wassily Kandinski, da arte Não-figurativa ou Abstrata (1910); Piet Mondrian criou o Neoplasticismo (1917); Kasimir Malevich, o Suprematismo (1927). 

(***)Victor Vassarely é um dos artistas mais representativos da Op Art (1955); John Cage, um dos mais emblemáticos protagonistas da evolução musical mundial no século XX; Merce Cunningham, coreógrafo, criador da Merce Cunningham Dance Company, utilizou criações da Pop Art no palco. 

(****) Francis Bacon, Eduardo Paolozzi e Richard Hamilton são os precursores da Pop Art, na Inglaterra, em meados da década de 1950. Helio Oiticica e Lygia Clark são decisivos para o movimento Neoconcreto no Brasil (60/70). 

Man Ray é um dos nomes mais importantes do movimento vanguardista na década de 20 do século passado. Responsável por inovações artísticas na fotografia. Com Marcel Duchamp funda o grupo Dada nova-iorquino. Marcel Duchamp, pintor e escultor francês é um dos precursores da Arte Conceitual e introdutor da idéia de ready mades (pré-fabricados) como suporte. 

Kurt Schwitters, pintor, poeta, escultor e artista gráfico alemão, foi um dos principais criadores do Dadaísmo. Nam June Paik nasceu na Coréia, mas vive em Nova Iorque desde 1964. Referem-se a ele frequentemente como “o avô da vídeo-arte”. Todos os demais nomes citados (em “Recuerdos”) são de artistas atuantes no movimento da Pop Art nos Estados Unidos.

Albenísio Fonseca

Destaque

SARGARÇOS, um poema de Waly Para Maria Bethânia

Waly Salomão  

“Fatalismo significa dormir entre salteadores”
Jalal al-Dîn-Rumi, poeta sufi

Criar é não se adequar à vida como ela é. Nem tampouco se grudar às lembranças pretéritas. Que não sobrenadam mais. Nem ancorar à beira-cais estagnado,
nem malhar a batida bigorna à beira-mágoa.

Nascer não é antes, não é ficar a ver navios. Nascer é depois, é nadar após se afundar e se afogar. Braçadas e mais braçadas até perder o fôlego (sargaços ofegam o peito opresso). 

Bombear gás do tanque de reserva localizado em algum ponto do corpo. 
E não parar de nadar. Nem que se morra na praia antes de alcançar o mar.

Plasmar, bancos de areias, recifes de corais, ilhas, arquipélagos, baías, espumas e salitres, ondas e maresias. Mar de sargaços.

Nadar, nadar, nadar e inventar a viagem, o mapa, o astrolábio de sete faces. 

O zumbido dos ventos em redemunho, o leme, as velas, as cordas, os ferros, o júbilo e o luto.

Encasquetar-se na captura da canção que inventa Orfeu ou daquela outra que conduz ao mar absoluto. 

Só e outros poemas. 

Soledades. 

Solitude, 

récif, étoile. 

Através dos anéis escancarados 

pelos velhos horizontes 

Parir, desvelar, 

desocultar novos horizontes. 

Mamar o leite primevo, o colostro, da Via Láctea. 

E, mormente, remar contra a maré numa canoa furada

Somente para martelar um padrão estóico-tresloucado de desaceitar o naufrágio. 

Criar é se desacostumar do fado fixo e ser arbitrário. Sendo os remos imateriais. 

(Remos figurados no ar pelos círculos das palavras).